Sábado, esse dia de descanso e lazer. Esse dia em que se vê o “V de Vendetta”e se passa uma tarde na calma de um jardim de uma casa com 3 cães bebés. Em que, por causa dos cães e do calor, apetece é tomar um bom banho refrescante quando se chega a casa e fazer qualquer coisa calma. É, por isso, legítimo perguntar “mas afinal foi isso que fizeste ontem?” e a resposta é “não!”. A parte do filme e dos cães é verdade. Quando saí de casa pensei que ia só levar dois dos cãezinhos a casa mas já devia saber que, por aqui, as coisas nunca são “só” alguma coisa, pelo que, quando cheguei à dita casa, fui conhecer os outros cães (6 ao todo), sujei-me da cabeça aos pés, literalmente, porque a cadela Dogue Argentino e a Boxeur cumprimentaram-me de uma maneira um bocadinho mais efusiva, demos banho aos bebés, que também resolveram que queriam “ajudar” e sacudiram-se quando ainda estavam ensaboados, enfim, uma risota. Entretanto, chegou pide e köfte e uns amigos do dono da casa (que também se chama Hakan) e sentámo-nos a comer num daqueles pátios cobertos com videira que é comum encontrar nas casas turcas. Conversa para aqui e para ali, chá, ver os bebés a brincar e a tarde ia passando.
Chegou também a namorada do Hakan e, com ela, uma nova camisola para substituir a que as cadelas tinham carimbado. Com ela fui ver a ninhada que a gata da casa teve há duas semanas (tinha um gatinho cinzento às riscas e de olhos azuis, mesmo parecido ao Bubu) e conversei imenso, porque somos as duas da mesma idade e descobrimos que temos algumas coisas em comum. Resumindo, diverti-me imenso e sujei-me na mesma proporção, pelo que, quando vínhamos embora com o Hakan e a Gülçin, só me apetecia o tal banho de que falei. Qual não é, portanto, o meu espanto quando o Hakan, desta vez o meu, me disse que ia tomar um banho rápido mas que eu me podia ir começando a arranjar. Calma. Arranjar para quê, pergunto eu, já a ver as coisas mal paradas. Então, para irmos a um casamento, responde ele com a maior das naturalidades. Casamento? Qual casamento? Eu não vou a nenhum casamento, Porquê, Por mil razões, entre as quais o facto de não conhecer que se vai casar, de não ter nenhuma peça de roupa minimamente adequada à ocasião e de também não conhecer ninguém dos convidados. Não faz mal, responde ele, mantendo a mesma incrível naturalidade, procura lá na tua roupa, deves ter qualquer coisa, eu também não tinha e arranjei agora mesmo, e quanto aos convidados, vais conhecer quando chegarmos.
Vamos aproveitar para fazer aqui um parênteses: para mim, um casamento é, do ponto de vista do convidado, um evento que convém ser anunciado com, pelo menos, aí umas duas semanas de antecedência, para dar tempo à procura de um modelito adequado. Não quero com isto dizer que esta parte seja muito importante e que, nos casamentos, o que me interessa é a maneira como as pessoas estão vestidas. Não, nada disso. Simplesmente é uma maneira de não me sentir deslocada, integrada e, assim, poder divertir sem constrangimentos dessa ordem. Por outro lado, eu vou a casamentos de pessoas que conheço e com quem tenha uma relação que faça com que tenha significado o facto de assistir a essa momento das suas vidas.
Voltando, portanto, ao ponto onde estávamos, passaram-se 10 minutos em que a Gülçin e o Hakan, me tentaram convencer a ir, sem sucesso algum, que continuou com o meu Hakan, quando este saiu da casa de banho (foi um momento algo cómico, ele de ferro na mão, a passar a camisa que ia levar, eu do outro lado da tábua, num sítio onde estava um calor infernal, a discutirmos como se fôssemos putos, ele a reclamar por eu ser tão teimosa e eu a responder que não ia e pronto). Chegado o momento em que estava toda a gente pronta para sair menos eu, que continuava nas minhas calças de ganga, Havaianas e camisola emprestada, resolve o Hakan tomar medidas drásticas e pegar-me à cabrito ao ombro e, literalmente, levar-me ao colo para o elevador. Portanto, a cena era: o Hakan e a Gülçin a rirem-se como nunca, o Hakan comigo ao ombro, eu a berrar para ele me pôr no chão , os quatro no elevador. Neste ponto já não tinha escolha, tendo em conta que estava fora de casa só com a roupinha que tinha no corpo, sem carteira, sem telemóvel, nada, por isso lá fomos para o tal casamento.
Acabei por me divertir, o que no caminho para lá parecia impossível, e tive a oportunidade, por enquanto única, de estar num casamento turco, que é diferente daqueles a que fui até agora. Claro que me tinha divertido mais se não estivesse preocupada em esconder as Havaianas e as calças de ganga debaixo da mesa e tivesse podido ir dançar, mas há-de ficar para uma próxima. Um pormenor: durante o copo de água, havia música ao vivo e o cantor, que andava entre as mesas a meter-se com os convidados, descobriu que o Hakan é cirurgião plástico e, não sei se por achar que no futuro poderia precisar dos serviços dele ou se lá porque é que foi, volta e meia lá falava ele no “doktor”, o que fazia o senhor que estava a filmar o casamento vir repetidas vezes à nossa mesa. Filmar.
2 comentários:
Oh meu Deus, quer dizer, Oh meu Alá que peripécias as tuas! E eu a pensar que ficar com o carro estragado no meio da via norte, tradução: literalmente parado na berma da via norte sem pegar porque se engasgava! capaz de ser abalroada a qualquer momento por um dos muitos camiões que por ali passavam a meio da noite ou então assaltada ou "vagabundeada" (neologismo acabado de inventar)por algum utilizador da carne alheia que por ali costuma passear era o must da aventura!! Já devia saber que a Turquia tem muito mais para oferecer do que este país ao sol plantado :)
looooooooooooooooooooooooooooool! vagabundeada??? muahahahah :D como é que acabou a história do carro? oh joana, não tás a perceber, nunca tal coisa me tinha acontecido! estás a ver como a gente se sentia de andar no meio da capadócia sem mapa e nunca nos perdermos, aquela sensação que conseguimos fazer qualquer coisa? pois é assim mesmo que me sinto. agora não há evento social que me meta medo, mesmo de chinelos e calças de ganga XD
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