quinta-feira, 16 de julho de 2009

Confesso que já tinha saudades de coisas assim

- Um senhor com uma balança, daquelas de casa-de-banho, plantado no meio do passeio. Para quê? Óbvio, para quem quiser pesar-se, ali mesmo, sem perder tempo. Uma pessoa está ali à espera do autocarro, a ouvir a velhinha do lado a queixar-se das cruzes e dos joanetes e o puto mal-criado do outro, a mandar umas bem mandadas e de repente, chega aquela epifania: tenho que saber quanto peso. Num qualquer sítio desse mundo, a pessoa não consegue atingir o nirvana porque essa dúvida ainda lhe prende o espírito às entidades materiais deste mundo, mas não na Turquia! Aqui, ainda a dúvida está a formar-se lá atrás do cérebro e já a pessoa está com os dois pés nesse maravilhoso instrumento que a ciência e as lojas de louças para casa-de-banho partilham.

- Outro senhor, desta vez vigilante de um museu em Istanbul, que leva para o trabalho alguns pertences pessoais, como qualquer um de nós faz. O que provavelmente nos distingue dessa original criatura é que nós guardamos essas coisas em armários, ou cacifos, ou simplesmente deixamo-las espalhadas por uma qualquer secretária fora. É claro que esse senhor não deixaria o que lhe diz respeito espalhado, nem os seus 50 e tal anos nem a sua função de vigilante lhe permitem. Tampouco deve haver cacifos naquele museu e, sendo a necessidade mãe do engenho e o ser turco praí um tio ou avô, o referenciado senhor foi colocar os haveres... dentro de um ar condicionado, daqueles que se põem no chão e têm um grelha que, levantando, dá acesso ao resto da máquina. Pois, não estando em funcionamento os aparelhos, há que rentabilizá-los. E bem, que assim poupa-se nos cacifos.

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