domingo, 13 de julho de 2008

"Ele andou a poupar durante meses para isto"


É de mim ou estamos muito perto do cúmulo do materialismo? A corrida ao Iphone que se registou na sexta feira, testemunhada pela comunicação social, deixou-me colada ao meu pequeno ecrã.

Nunca consegui compreender a corrida aos bilhetes de concertos de cantores e bandas famosas, mas parece-me que é parcialmente justificável que a paixão por uma qualquer forma de arte, símbolo da elevação do espírito humano, impulsione pessoas a dormir à porta das bilheteiras e a dispender dezenas e dezenas de euros. Agora, fazê-lo por um telemóvel? Sei que é tecnologia de topo e que esteticamente é inovador e muito atractivo (ou não fosse um produto Apple) mas será importante ao ponto de desencadear um fenómeno colectivo como fez? Por muito bonito, eficiente ou revolucionário que este objecto seja, convém não esquecer que é um pedaço de tecnologia, ou seja, que não encerra em si um conteúdo, seja ele artístico, científico, literário ou outro, mas que é um meio, uma forma de permitir que outras coisas possam existir, que como tem acontecido com outros produtos da tecnologia, será no futuro ultrapassado por um melhor.

Chamem-me velha do Restelo, mas serão as nossas paixões efémeros objectos de ostentação?

1 comentário:

Tiago Costa disse...

Nos blogues mais dados a estas coisas da Apple, há quem lhe chame "Reality Distortion Field". Os gajos de Cupertino são implacáveis, é um misto de qualidade, carisma e arrogância. O José Mourinho vai um pouco por aí, mas em outros campos.

Gosto muito do meu Mac, mas este tipo de comportamento é profundamente idiota - por alguma razão lhe chamam já de "Jesus Phone".

Mas, partindo da tua introdução comparativa, e hiperbolizando um pouco, o design industrial da coisa - do hardware, mas principalmente, do estupendo software - pode ser motivo para alguma paixão. Tem com toda a certeza, um encanto de conquista, é um pioneiro num sentido muito retorcido: inova, ao fazer exactamente o mesmo que os outros. Coloca no centro uma experiência de utilização, um "think different" - quem olha para as especificações não entende qual é a grande novidade.

Ainda assim, uma das coisas que mais me espanta, é estas pessoas não perceberem que estão a ser completamente enrrabadas pelas nossas operadoras móveis, com planos de dados absolutamente ridículos, que fariam algum sentido talvez há 5 anos atrás.

Estou contigo. Esta histeria é uma idiotice.
Deixa-me muito feliz ver a Apple com maior reconhecimento. Estou convencido que fazem produtos excepcionais. Mas fazem muito melhor do este telefone. Basta olhar para o produto mais antigo no seu catálogo: o sistema operativo, que também é a base do iPhone, numa versão mais despida. Esse sim, é gigante.

Mas que gostava de ter um iPhone, lá isso gostava :)

 
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