Os médicos pertencem a um mundo à parte - um mundo de hemorragias e testes de laboratório e gente aberta ao meio. Somos, por enquanto, os poucos sãos que vivem entre os doentes. E é fácil ficar alheio às experiências e às vezes aos valores do resto da civilização. O nosso é um mundo que nem as nossas famílias conseguem compreender. Isto é, em certos aspectos, a experiência dos atletas, dos soldados e dos músicos profissionais. Contudo, ao contrário deles, nós não estamos apenas afastados, estamos também sozinhos. Uma vez acabado o internato e instalados em Sleepy Eye ou na península do norte do Michigan ou, já agora, em Manhattan, o desfile de doentes e o isolamento do exercício da profissão afastam-nos de quem quer que realmente saiba o que é tirar um cancro do estômago de uma paciente e perdê-la depois por causa de uma pneumonia, ou responder às perguntas acusatórias da família ou lutar com as seguradoras para ser pago.
Atul Gawande, A Mão que Nos Opera (p.109)
domingo, 7 de outubro de 2007
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1 comentário:
Acabei de ler esse a semana passada, emprestado por irmã comum :)
Interessante a relação que o tipo parece manter com a vida e os doentes...
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