segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Que mistura...

In Jornal Público

Saviano: “Tenho provas de que a ETA se meteu no negócio da droga”
(Alessandro Garofalo/Reuters (arquivo))

Os terroristas da ETA recorrem ao tráfico de cocaína com os cartéis colombianos para financiar as suas actividades e usam Portugal para fazer chegar a droga ao País Basco espanhol. A acusação é do jornalista e escritor italiano Roberto Saviano, que diz ter provas e conhecer os meandros do negócio, já que resulta de um pacto dos terroristas bascos com a Camorra napolitana e a Ndrangheta calabresa, as mais sanguinárias e poderosas organizações mafiosas italianas.

"Da ETA sei muito pouco. Mas conheço muito bem os que estão a fazer negócios com a ETA", diz o autor italiano citado pelo diário espanhol El Mundo de ontem, garantindo que "os etarras estão a comprar cocaína aos narcotraficantes colombianos, que a transportam por Portugal e a levam depois para o País Basco".

Saviano, que anda permanentemente protegido por sete guarda-costas disponibilizados pela justiça italiana, depois de há três anos ter posto a nu as actividades da Camorra com a publicação do livro Gomorra, um best-seller que deu origem ao filme homónimo, diz ter provas daquilo que afirma. "Claro que tenho provas de que a ETA se meteu no negócio da droga, como também as tem o governo italiano", assegurou, lembrando o testemunho de um mafioso italiano arrependido, que relatou um pacto realizado em 1999 entre a ETA e a Camorra, e também a detenção em finais de Janeiro, no País Basco, de um alegado membro da ETA na posse de doses de cocaína prontas para venda.

Segundo o escritor, a organização terrorista "já não actua por motivos ideológicos mas antes com motivações económicas", calculando que "as principais tarefas dos cerca de mil membros da organização têm a ver com o narcotráfico e não com a luta política". A ETA entrou no negócio da droga apadrinhada pelos paramilitares colombianos, "com quem partilha hipotéticas afinidades ideológicas", diz Saviano, seguindo-se "um pacto com a Camorra para troca de drogas por armas pesadas".

Foi também ontem, à partida para Dakar, onde participa num encontro intergovernamental sobre a luta contra o tráfico de estupefacientes, que o ministro espanhol do Interior, Alfredo Rubalcaba, garantiu que a ETA tinha na casa de Óbidos, já preparados, 300 quilos de explosivos para utilizar num atentado que estava iminente. "Estavam preparados para essa próxima acção, já que quando se misturam os componentes dos explosivos é para os utilizar de imediato, uma vez que em pouco tempo perdem a eficácia", afirmou o ministro, garantindo que "França, Portugal e Espanha estão em alerta elevado" e que só assim conseguem êxito na luta contra o terrorismo.

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